quinta-feira, 16 de outubro de 2008

As condições da doação



Em Setembro de 1959, Assis Chateaubriand doava a 22 pessoas, sob determinadas condições, a fração ideal de 49% do poder de controle das empresas integrantes de seu império de comunicação. Entre os escolhidos figuraram seus filhos Fernando Antonio Chateaubriand Bandeira de Mello e Gilberto Francisco Renato Allard Chateaubriand Bandeira de Mello.
Menos de quatro meses após, sofria um AVC, uma dupla trombose, que deixou-o tetraplégico, mudando toda a sua vida.
Pressionado pelos donatários estranhos à família, Chatô, em julho de 1962, acabou por doar os 51% restantes do poder de controle que ainda mantinha. Porém, desta vez, os filhos não foram contemplados. Com o avanço na legítima (parte do patrimônio que a lei reserva aos descendentes), iniciavam os donatários a guerra contra a família Chateaubriand.
(por Fredímio Biasotto Trotta, advogado do Espólio de Fernando Antonio Chateaubriand e dos netos Philippe Barrozo Bandeira de Mello e Fernando Henrique Chateaubriand Bandeira de Mello).



Alguém pode acreditar que este homem está em seu juízo perfeito, para realizar uma doação de tal complexidade e de importância decisiva para o futuro do país? Observem a expressão alegremente maliciosa de Edmundo Monteiro (no canto, à direita), o coveiro dos Diários Associados em São Paulo, o responsável pela perda de algumas das melhores e mais importantes empresas deixadas por meu avô neste estado que é de valor estratégico para os destinos do Brasil. Acho que nosso povo merece uma investigação comparativa traçando paralelos entre o enriquecimento pessoal dos senhores condôminos, beneficiários desta doação, e o afundamento, deterioração e progressiva extinção das empresas que receberam "de mão beijada" de meu avô. Aliás, não foi sem condições estritas que Chatô legou o seu império de mídia. Ao conduzir à extinção a maior e melhor parte deste conjunto de empresas, o grupo fracassou em manter viva a sua obra, que foi reduzida dramaticamente em quantidade e qualidade, comprovando que a tentativa dele de manter coeso e íntegro o conglomerado de empresas, os Diários Associados, foi definitivamente malograda. É preciso reconsiderar outras propostas para a destinação do grupo, mudanças radicais em sua organização e gestão, antes que nada mais reste deste legado de Chatô a todo o povo brasileiro...
Philippe Bandeira de Mello
Psicólogo e neto de Assis Chateaubriand
e-mail: philippebandeirademello@yahoo.com.br

3 comentários:

Carlos Alberto Lopes disse...

Escelente depoimento.
Gostaria de o reproduzir, na integra, no jornal O ANACOLUTO

http://jornaloanacolutocultural.blogspot.com/

CASO POSSA ME AUTORIZAR, MANDE UM EMAL , PARA
escritor@uol.com.br

Concordo com voce...seu avo teve sua biografia distorcida, e ha de ser resgatada.
concordo que os Diarios Assiciados, depois da morte de Assis, ficou comprado pelo poder, e perdeu seu motivo inicial de existencia.
Quero publicar esta mataria...
Me autorize...

Carlos alberto
Editor Proprietário de
O Anacoluto Cultural
Centro Cultural Anacoluto

Carlos Alberto Lopes disse...

Ouve erros, de digitação, no depoimento anterior....
nos desculpem....

MARCOPFONSECA 28 disse...

Acabo de ver o filme "chatô o rei do brasil"....o filme foi razoável e o final grotesco....sei que o desmembramento do império do chateaubriand...foi um dos primeiros golpes que posteriormente se tornaram "normais"..vindo a culminar com a lava-jato...